Ter a melhor campanha da fase de grupos garante uma certa vantagem para a fase de mata-mata da Copa Libertadores. Além de enfrentar nas oitavas de final uma equipe que terminou na segunda colocação de um grupo, o dono da melhor campanha sempre é o mandante do jogo da volta. No entanto, o histórico não é nada favorável para as equipes que fazem grandes campanhas na 1ª fase e que estão confiantes no título.
Isso porque, das 11 melhores campanhas da história da 1ª fase da Libertadores, apenas uma terminou com o título da competição. E olha que nem foi uma das melhores campanhas.
Na primeira fase da Libertadores de 1962, os grupos tinham apenas três equipes e o Santos terminou na liderança do grupo invicto após as quatro partidas. Liderados por Pelé, os santistas aplicaram goleadas de 9 a 1 e 6 a 1 contra Cerro Porteño e Deportivo Municipal, respectivamente. Porém, o time brasileiro não conseguiu os 100% de aproveitamento, pois empatou com os paraguaios fora de casa.
Na sequência, o Santos passou pelos chilenos da Universidad Católica na semifinal e depois derrotou os uruguaios do Peñarol na grande decisão. Assim, o Peixe se tornou a primeira equipe brasileira a conquistar o título da Libertadores.
Apesar de se tornar campeão e ter feito uma bela caminhada na competição, o Santos de 1962 não teve a melhor campanha da história da fase de grupos.
Qual foi a melhor campanha da fase de grupos da Libertadores?
O segundo time com mais títulos da história da Copa Libertadores também é o dono da melhor campanha da fase de grupos do torneio. Seis vezes campeão, o Boca Juniors fez uma campanha irretocável na 1ª fase de 2015. Além de vencer todos os seis jogos, o time argentino atropelou seus adversários, o que proporcionou um saldo positivo de 17 gols. No mesmo grupo que os xeneizes, Montevideo Wanderers, Palestino e Zamora não tiveram chances contra o Boca. Para se ter uma ideia, o time argentino terminou a fase de grupos com 19 gols marcados e apenas dois sofridos.
A campanha histórica, consequentemente, trouxe muita expectativa para o time argentino que entrava para o mata-mata como grande favorito. No entanto, todo o sonho se tornou um pesadelo, com cenas de terror. Logo nas oitavas de final, o adversário era o arquirrival River Plate.
Na partida de ida, o River venceu por 1 a 0 e, apesar da vantagem, tudo estava aberto para a decisão em La Bombonera. Após empate sem gols no 1º tempo da segunda partida, os jogadores do River foram atingidos com gás de pimenta na volta do intervalo, assim, sem conseguir retomar a peleja, o jogo foi suspenso. Mais tarde, a Conmebol responsabilizou o Boca Juniors pelo ocorrido e determinou a eliminação da equipe.
Grandes campanhas que terminaram sem título
Além do Santos de 1962 e do Boca Juniors de 2015, outras equipes também fizeram grandes campanhas na 1ª fase da Libertadores, que geraram grandes expectativas, inclusive outros elencos desses dois times. Como o Santos de 2007, que terminou a fase de grupos com seis vitórias em seis jogos e um saldo positivo de 11 gols, afinal, foram 12 marcados e apenas um sofrido.
Curiosamente, o time santista foi eliminado nas semifinais para o Boca Juniors, que mais tarde seria o campeão daquela edição. Outro time brasileiro que teve história semelhante foi o Vasco de 2001, porém, a queda para o Boca Juniors veio nas quartas de final da Libertadores daquele ano.
Em 1972, a 1ª fase era disputada em grupos de três equipes e as vitórias valiam dois pontos. Assim, nas quatro rodadas (turno e returno), o Peñarol conseguiu 100% de aproveitamento contra Deportivo Itália e Carabobo. Contudo, a empolgação pelo título acabou logo na sequência. O time uruguaio foi eliminado na fase seguinte – que também era no formato de grupos de três equipes – com apenas uma vitória em quatro jogos. Na edição de 1965, Santos e Boca Juniors tiveram uma trajetória muito parecida: excelente campanha na primeira fase, com 100% de aproveitamento, e eliminação nas semifinais.
Contudo, assim como Boca, o Santos também foi carrasco de uma grande campanha de um time brasileiro. No título de 1963, o Peixe acabou com os sonhos da conquista inédita do Botafogo. Os botafoguenses liderados por Garrincha ganharam as quatro partidas fase inicial do torneio, mas não foram páreos para os santistas na semifinal.
Em uma trajetória surpreendente, o Blooming da Bolívia terminou a 1ª fase da Libertadores de 1985 invicto e com cinco vitórias, em um grupo com Deportivo Táchira, Oriente Petrolero e Deportivo Itália. No entanto, o time boliviano caiu logo na fase seguinte. Afinal, o grupo era mais forte. Com Argentinos Juniors e Independiente de adversários, o Blooming não conseguiu um vitória sequer.
Repleto de expectativas depois de uma fase de grupos arrasadora, o Cruzeiro de 2011 teve seu sonho frustrado logo nas oitavas de final. Depois de terminar invicto na fase de grupos com cinco vitórias, os mineiros foram eliminados logo na sequência do torneio para o Once Caldas.
Quem teve números similares ao da Raposa na fase de grupos foi o Palmeiras de 2018. No entanto, o time alviverde foi mais longe na Libertadores de 2018. Os palmeirenses chegaram até as semifinais, mas foram eliminados para o Boca Juniors.
Melhores campanhas da 1ª fase da Libertadores
Ano | Time | Jogos | Vitórias | Resultado |
1962 | Santos | 4 | 3 | Campeão |
1963 | Botafogo | 4 | 4 | Semifinal |
1965 | Boca Juniors | 4 | 4 | Semifinal |
1965 | Santos | 4 | 4 | Semifinal |
1972 | Peñarol | 4 | 4 | 2ª fase |
1985 | Blooming | 6 | 5 | 2ª fase |
2001 | Vasco | 6 | 6 | Quartas |
2007 | Santos | 6 | 6 | Semifinal |
2011 | Cruzeiro | 6 | 5 | Oitavas |
2015 | Boca Juniors | 6 | 6 | Oitavas |
2018 | Palmeiras | 6 | 5 | Semifinal |