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Papo com Beto: Camille Rodrigues conta sua história e desafios na natação

Camille é referência na natação paraolímpica brasileira e embaixadora da Betsul
Papo com Beto: Camille Rodrigues conta sua história e desafios na natação
Camille Rodrigues

Camille Rodrigues, 32, nadadora paraolímpica brasileira, é embaixadora da Betsul. Nascida em Santo Antônio de Pádua, no Rio de Janeiro, a atleta teve a sua perna direita amputada aos três anos de idade por conta de uma má formação congênita.


Para a sua recuperação, Camille Rodrigues começou a fazer natação. A atleta é reconhecida pelas suas conquistas, sendo medalhista de ouro Medalhista Panamericana em três categorias diferentes. Além disso, a nadadora ainda trabalha como influenciadora e nutricionista.


Por isso, convidamos a todos para o Papo com Beto produzido pela equipe da Betsul. Aqui, ela contará um pouco da história da nadadora, os desafios de ser uma atleta paraolímpica.

Camille, como é ser uma fonte de inspiração para outras pessoas? 

Cara, eu falo que é difícil. Acho que essa é a parte mais difícil, assim, ser inspiração e ser exemplo. Você sempre tem que manter aquele padrão ali pra você não deslizar, é bem difícil. Mas ao mesmo tempo é muito motivador. Porque, acho que nós somos pessoas e nós temos dias ruins. E nesses dias ruins a gente lembra dessas pessoas que vê a gente como inspiração, como exemplo de alguma coisa e isso dá força para a gente também continuar.

Como você iniciou um esporte e, em especial, na natação? Explica um pouco sobre a sua trajetória no esporte e como foi essa sua caminhada.

Na verdade, eu comecei na natação por indicação médica. Nasci com uma má formação congênita, mas tive que amputar. E nessa parte da amputação eu já estava com a coluna bem atrofiada. Então foi indicação médica e comecei a natação com quatro anos, esse contato em si com o esporte, que acabou virando uma profissão. Mas assim entre 10 e 11 anos foi onde meus pais começaram a ver alguma coisa diferente e aonde a gente poderia procurar algum lugar que virasse uma profissão. E foi onde tudo começou. Daí, só alavancou a carreira de atleta paralímpica.

Como foi a sua relação com a má formação congênita? A amputação de sua perna trazendo toda essa superação para o esporte.

Eu acho que foi tão natural assim, os meus pais sempre me criaram como uma pessoa bem “normal”. Então não tive muito esse contato com a pessoa coitadinha, deficiente. Tive uma criação tão normal, onde os meus primos sempre me ensinavam a dançar, me ensinavam a fazer as coisas. Então assim, não tive muito a parte ruim da deficiência. Eu acho que a parte ruim a gente faz muito, né?


A gente foca muito nessa parte ruim e a gente focou sempre na parte boa, na parte leve. Então, o meu contato com a má formação congênita, ela sempre foi muito boa. O contato com a deficiência. Eu falo que se tiver que vir numa próxima vida sem perna, tô super topando.


É que na verdade eu não me conheço com as duas pernas, sempre me conheci com uma só. Então não tenho essa visão da Camille com as duas pernas, apesar de eu ter amputado, amputei muito cedo. Então não lembro, tudo que eu lembro é a Camille com uma perna só. 

Qual o seu sentimento hoje e qual foi a sensação na hora que você viu que era recordista brasileira dos 400 metros livre?


Foi uma surpresa, porque eu não treinava na época para essa prova. Acabou que foi uma prova que hoje tô aí há 12 anos brasileira invicta, mas hoje tô em busca da seleção pelos 100 livres. Então assim, é um mix de coisas, mas foi uma prova inesperada. Na verdade, o meu primeiro ouro Para Panamericano foi justamente nos 400 livres. Então é uma prova especial, eu falo.

Para chegar aonde você chegou, foi mais difícil superar todos os dias de treino pesado, a distância de uma vida normal, superar os adversários ou superar o olhar desconfiado e retrógrado das pessoas?

Eu acho que é mais o adversário. Ou eu mesma. Acho que o esporte cobra muito de você mesmo, sabe? É uma luta contra você mesmo, principalmente o esporte individual. Então, o que mais pega nessa vida toda não é nem o olhar do outro, não é nem o treino em si, não é nem o adversário que a gente vai estar ali, é você contra você mesmo. Eu acho que é a parte que mais pega no esporte e acho que a parte que mais me pega.


Sou eu lutando contra mim mesmo no tempo, no pensamento, nos treinos, na competição. Acho que o esporte é você contra você mesmo, principalmente no esporte individual. Você precisa estar se superando o tempo todo, estar bem com você mesmo o tempo todo. Então eu acho que essa é a parte mais difícil do esporte individual.

Na relação com as demais pessoas, sejam elas portadoras de deficiência ou não, o que você sente que elas mais aprendem com a sua história de vida? O que mais elas perguntam e querem saber de você?

O que mais perguntam é se foi acidente de moto (risos) . Eu acho que a pergunta principal, se foi acidente de moto. E não foi, né? Foi uma formação congênita. Acho que são curiosidades, assim. Toma banho com prótese, dorme com prótese. Acho que são coisas que pra gente, pra mim, no caso, são tão normais que, às vezes, são coisas tão bobas, né? É igual: “ah, você sobe a escada?” Mas acho que são coisas bobas que as pessoas têm dúvida mesmo do dia a dia e que pra mim é uma coisa muito natural.

O que você mais aprende no contato com as pessoas que te admiram e tem você como ídolo?


O que eu mais aprendi é ter resiliência. Acho que é você conseguir cair, levantar e conseguir deixar as pessoas verem essa parte também. No meu Instagram sou muito eu, mas ao mesmo tempo também escondo bastante coisa. Então, o que eles me ensinam é o seguinte, existe a Camille que cai, a Camille que levanta e tá tudo bem, sabe? Penso que é o mais importante.

A gente sabe que o período da pandemia foi bem difícil para você. Pelo que você já disse em outras entrevistas, a pandemia piorou o comportamento de compulsão alimentar após o Parapan de 2019. Como foi conseguir enxergar esse problema e ter a atitude para tomar a decisão de fazer uma cirurgia que poderia prejudicar o decorrer de sua carreira?


Cara, foi uma decisão difícil. Na verdade, o reconhecimento da compulsão alimentar, da crise de ansiedade é muito complicado. Porque a compulsão alimentar a gente controla,mas a crise de ansiedade você vai ter pra sempre, então você tem que começar a reconhecer isso. E nessa onda da pandemia, foram 37 quilos a mais junto com ela veio o declínio da profissão, porque a gente sabe que num esporte de alto rendimento a gente não consegue ficar com uma obesidade grau 2.


Então foi onde eu comecei a criar alternativas para que conseguisse voltar a minha forma e voltar a minha carreira. E nessas alternativas a gente não poderia usar hormônio, nem nada disso, porque a gente passa por um controle antidoping bem rígido. Então eu cheguei numa fase onde não tinha opções e a minha opção era bariátrica. E na verdade naquela época não tinha nada a perder, entendeu?


Então eu falei vou tentar alguma coisa que ninguém nunca tentou. Porque na verdade se você for pesquisar não existem atletas de alto rendimento que passaram por uma bariátrica. Eu acho que posso, talvez, dizer que sou a única. Então é complicado, mas foi uma decisão que eu tive que tomar na época e decidi arriscar. E quando arrisquei a gente não tinha muita direção, mas foi a melhor coisa que eu fiz num momento. Porque foi onde voltei para o alto rendimento, foi pra onde a gente foi para o Mundial, ganhou a medalha de bronze, voltou a ser competitiva.


Então assim, é uma decisão complicada, mas é uma estrada que também não é só reta. A gente tem bastante curvas, bastante subida e descida, mas a gente está aí, lutando por isso.

E como foi voltar a competir depois disso tudo? Você voltou a nadar e fez tempos muito próximos das suas melhores marcas na carreira. Você confiava na sua capacidade ou surgiu alguma dúvida?

Surgiram várias dúvidas. A minha técnica está aqui por trás da câmera e a gente sabe o quanto de dúvida teve. Mas assim, foi tudo tão rápido que eu acho que a gente nem teve muito tempo para pensar. Acho que foi tanta lapada, atrás de lapada e a gente tentando solução e a gente foi indo. E como eu falei, são duas arianas (risos), a gente corre atrás.


Então, teve bastante dúvida, mas a gente acreditou no processo. A gente até brincava assim: o processo sabe que a gente tá acreditando nele? Porque a gente tá acreditando super nele e a gente tá acreditando que vai dar certo, sabe? Acho que muita coisa deu errado nesse meio, mas muita coisa deu certo. Então assim, acreditar no processo acho que foi essencial. 

Como você encara ser reconhecida como uma musa do esporte?

Me deram esse título aí (risos) e eu carrego desde o Mundial de Montreal de 2012. Me deram esse título aí de musa paralímpica e a gente vai indo, a gente vai usando, a gente vai gostando do negócio. Mas assim, acho que não é nem a questão da musa, sabe? Tento levar a parte da resiliência, a parte da autoestima, a parte de você ser uma pessoa com deficiência, mas conseguir o seu espaço no mundo. Acho que é isso que quero passar, sabe?


Não é porque eu sou deficiente que tenho que ser uma pessoa que não vou realizar meus sonhos, que não vou realizar minhas metas, minhas conquistas. Então, eu acho que é isso que tento passar nas minhas redes sociais. Atrás da deficiência, tem a pessoa, a Camille.

Como foi a sua experiência ao dançar com a Anitta e na abertura especial do Fantástico? Como é a sua relação com esse lado mais artístico? Você pensa em investir mais nessa área daqui um tempo?


Talvez. Eu acho que foi assim a parte da dança que envolveu a Anitta, envolveu Lucas Lucco, envolveu Parangolé, que são grandes nomes, ela veio muito assim numa fase turbulenta e que foi maravilhoso de viver. Então assim, pra mim, tá no prêmio Multishow, sendo balé da Anitta, uma das maiores cantoras hoje do Brasil, foi muito marcante. Não só o Multishow como no Teleton também estive com ela, como balé dela.


Agora, essas participações me deram o espaço maior que foi a Abertura do Fantástico, de 45 anos, que pra mim ali foi um peso muito grande. Porque eu estava num horário nobre, estava numa das maiores emissoras, carregando todo o legado PCD que a gente sempre tenta lutar.


Então, para mim foi marcante. Para mim foi um peso que eu acho que consegui passar o que eu queria passar, sabe? Assim, quando recebi o convite, foi tudo muito tranquilo. “Nossa, vamos receber, que legal, vamos pra coisa do fantástico”. Fizemos todos os ensaios, duas semanas de ensaios muito, muito, muito pegados, figurino, maquiagem, não sei o quê.


Acho que quando foi no dia da gravação eu consegui perceber o peso que foi. É uma pessoa com deficiência, na abertura do Fantástico, de 45 anos. Então foi bem marcante

Conta como foi a sua preparação para as Paralimpíadas de Paris 2024.

Cara, foi turbulento, eu acho. Acho que a palavra é essa. A gente veio de um ano muito difícil, de mundial no ano passado. Nós fomos para o mundial, foi muito bom, voltamos com a medalha de bronze do revezamento, mas ficamos de fora do Parapan. Então, foi um ano meio bom e ruim ao mesmo tempo e viemos com tudo para Paris. Ficamos por pouquíssima coisa de fora, lutamos muito, fizemos tudo que a gente tinha necessário para fazer, mas infelizmente o esporte tem dessas.


Às vezes você está dentro, às vezes você está fora, às vezes você fica fora por tantos centésimos e assim a gente vai. Foi uma preparação muito difícil, uma preparação muito árdua para chegar. Testamos um milhão de coisas, mas infelizmente ficamos de fora, mas estamos aí. Ano que vem tem mundial, quem sabe?

Ainda falando de Paralimpíadas, quais são os nomes brasileiros da natação que você confia que vão disputar medalhas? Quem você acha que será o destaque ou os destaques?

Eu acho que o destaque maior vai ser a Maria Carolina, que é a nossa atleta feminina, que vem levando o nome nosso bem pesado. Douglas Matera vai ser também um dos nomes. Gabrielzinho tanto o S1 quanto o Gabriel, S14 também, acho que são grandes nomes, 


Daniel Mendes também é um grande nome, inclusive eu treino com ele todos os dias, meu amigo pessoal também, Talisson Glock. Cara, tem muito nome, muito nome assim, bem forte, acho que a natação brasileira vai vir pesada, acho que eles vão trazer bastante medalha.

Além de ser atleta de alto rendimento, você atua em outras frentes. Você é nutricionista, palestrante, modelo e agora embaixadora Betsul. Como é conciliar tudo isso?

Eu tenho pessoas por trás que me fazem dar conta e às vezes a gente não dá. Mas a gente remaneja e é difícil. A parte nutricionista bate com a parte de atleta, que parte com a influenciadora e a embaixadora e a gente tem que virar um milhão de coisas junto. Mas consigo levar, eu tenho uma rede bem grande por trás de mim para conseguir fazer isso tudo.

Como você começou esse contato para se tornar embaixadora Betsul? Fale um pouco sobre o projeto Bet do Bem da Betsul e quais são as suas iniciativas na situação com projetos sociais para pessoas portadoras de deficiência?


Cara, quando a Betsul, na verdade, entrou em contato comigo, fiquei muito feliz porque são poucas as pessoas que se importam com essa parte, sabe? Essa parte da inclusão social, essa parte do PCD em si. E pra mim é muito importante. Quando eu vi que uma parte dessas apostas vão para esses projetos sociais (via Bet do Bem), tanto para os projetos sociais como para o esporte paraolímpico, fiquei muito feliz.


A gente já tem, no Vasco, na verdade, o Instituto, que fazemos essa parte social 

de arrecadação de pessoas para o esporte paralímpico e o esporte de alto rendimento. Então, assim, para mim é muito importante. Eu acho que estar numa empresa que valoriza isso, para mim, é muito valioso. Sim, sim.

Além da natação, quais outros esportes você gosta de acompanhar? A gente sabe que você é atleta do Vasco. Mas você tem algum time de futebol de coração? É o Vasco mesmo?

É o Vasco. A gente tava comentando aqui, né? Eu treino dentro do São Januário e às vezes dias de jogo a gente treina, por exemplo, quando é jogo na quarta-feira, mais ou menos. A gente treina de manhã, a gente já fica no clube, já almoça por ali, já fica pro jogo e a gente super curte, assim. Eu curto muito ir aos jogos em São Januário, acho que só quem é Vasco ainda sabe a energia que tem o Caldeirão. Então é surreal ali.

Para finalizar, Camille. Deixa uma mensagem para as pessoas que reclamam de tudo, acham que não tem uma vida boa.

Acho que para de reclamar e vai fazer. Sou muito direta e acho que a gente puxa muito o que a gente quer. Então, se quero uma vida boa, se quero uma vida onde eu tenho conquistas, onde quero realizar todas as minhas metas e meus objetivos, não é sentado no sofá que vou conseguir. Então, é correr atrás.

Como apostar na Betsul

Fazer as suas apostas esportivas na Betsul é muito simples. Isso porque é uma das casas de apostas mais confiáveis do Brasil, com uma plataforma fácil e intuitiva e os melhores mercados e cotações. Siga os passos para fazer o seu palpite:


  1. Clique em “Criar Conta” para fazer o cadastro;

  2. Preencha os dados corretamente e valide sua conta;

  3. Faça um depósito de no mínimo R$1;

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Importante: as apostas online são permitidas apenas para maiores de 18 anos. Termos e condições se aplicam.

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