Excelência: substantivo feminino para a característica daquilo que é excelente, grau máximo de qualidade ou perfeição; forma de tratamento para quem pertence ao mais alto nível de hierarquia social, que ocupa posições ou funções de nível nobre. Era isso que Kobe Bryant buscava dentro e fora das quadras, e quando se trata de basquete, ele está entre os nobres da história do esporte. É impossível reduzir a história e o legado em apenas uma palavra, mas não há como separar Kobe Bryant da excelência.
Toda a excelência e grandeza de Kobe veio de uma paixão e dedicação inigualável com o basquete. Assim, conquistou fãs de todas as idades e diferentes gerações. Kobe preencheu, como ninguém mais poderia, a lacuna deixada pelo maior de todos os tempos, Michael Jordan. Reaproximou torcedores mais antigos da NBA e trouxe uma nova legião consigo dentro e fora dos Estados Unidos. No Brasil, certamente muitos passaram diversas madrugadas com os olhos grudados na televisão para vê-lo lutar por cada lance com os Lakers.
Dono de uma trajetória extraordinária dentro e fora das quadras, cujo impacto transcende as modalidades esportivas, tem como prova de sua grandeza a enorme comoção por conta de sua trágica morte aos 41 anos. O impacto e legado de Kobe Bryant será eterno, nós do Betsul, fãs do jogador, relembramos os momentos de sua carreira brilhante a seguir.
Direto do colégio para a NBA
Nascido na Filadélfia, filho mais novo do ex-jogador Joe Bryant, Kobe mudou-se com a família para a Itália com apenas seis anos de idade. Lá aprendeu a falar fluentemente italiano e espanhol, além de ter conhecer e ter como ídolo o brasileiro Oscar Schimdt. Em 1991, retornou aos Estados Unidos e precisou de pouco tempo para atrair atenção para seu talento e dedicação.
Diferente da maioria dos jogadores das principais ligas esportivas das Estados Unidos, Kobe não passou pela universidade antes de se tornar profissional. Após uma passagem de grande destaque na Lower Merion High School, superando os recordes de pontos de Wilt Chamberlain e Lionel Simmons e conquistando o título estadual, Kobe oficializou sua elegibilidade para Draft de 1996.
Assim, o jovem de apenas 17 anos se tornou o sexto jogador a ir diretamente do high school para a NBA. Selecionado na 13ª escolha geral pelo Charlotte Hornets, Kobe foi parar no Los Angeles Lakers em troca do pivô Vlade Divac. Dessa forma, o jovem pode realizar o sonho de jogar no seu time de coração.
No entanto, o começo na principal liga de basquete do mundo não foi fácil. A chegada de um adolescente de 17 anos não era vista com bons olhos por boa parte da liga, inclusive de alguns companheiros de times e treinador. Para se ter uma ideia, Kobe foi titular em apenas sete jogos nas duas primeiras temporadas na NBA. Somente no seu terceiro ano, o ala-armador teve o espaço que merecia e então não só fez justiça como superou todas as expectativas, que lhe rendeu o apelido de “Black Mamba”.
81 pontos
Feroz e extramente determinado, muitas vezes Kobe foi visto como “fominha”, que não passava a bola e só pensava em arremessar. Consequentemente, um dos grandes feitos de Kobe Bryant é uma pontuação absurda. No dia 22 de Janeiro de 2006, Kobe se tornou o segundo maior pontuador de uma única partida na história da NBA. Contra o Toronto Raptors, o ala-armador marcou 81 pontos na vitória dos Lakers por 122 a 104. Dentro de quadra, o camisa 8 converteu 28 de 46 arremessos, sendo sete de 13 de três pontos e 18 de 20 lances livres. Assim, o único na frente é Wilt Chamberlain, que marcou 100 pontos em uma única partida.
Minutos | Arremessos | 3PT | Lances Livres | Rebotes | Assistências | Roubos | Tocos | Turnovers | Pontos |
42 | 28/46 | 7/13 | 18/20 | 6 | 2 | 3 | 1 | 3 | 81 |
5 títulos de NBA
Kobe sabia que ser o melhor em quadra não era suficiente, era preciso vencer e conquistar títulos. Com essa motivação e mentalidade desde cedo, antes mesmo de entrar na liga, o ala-armador teve problemas de relacionamento com outros jogadores, mas também colheu grandes frutos.
No início dos anos 2000, Kobe e Shaq dominaram a NBA. A dupla conquistou três títulos consecutivos (2000, 2001 e 2002), sendo Shaquille O’Neal o MVP das três Finais. No entanto, a dupla sofreu com problemas de relacionamento e os Lakers decidiram trocar o pivô, em 2004.
No Miami Heat, Shaq voltou a ser campeão da NBA, em 2006. Assim, as críticas ao estilo de jogo “egoísta” de Kobe e as dúvidas se ele conseguiria conquistar a liga novamente cresceram. No entanto, isso claramente o motivou ainda mais e o que vimos então foi a “Mamba Mentality” em ação.
Nos anos 2006 e 2007, Kobe Bryant foi o cestinha da temporada regular da NBA com médias por partida de 35.4 e 31.6 pontos, respectivamente. No ano seguinte, em 2008, foi eleito MVP da e finalmente voltou às Finais da NBA, porém não conseguiu superar o Boston Celtics de Kevin Garnett, Paul Pierce, Ray Allen e Rajon Rondo.
Parece a grande tônica da carreira de Bryant, sempre após uma derrota ou adversidade testemunhávamos um jogador com ainda mais vontade de vencer. Assim, Kobe voltou às finais na temporada seguinte e finalmente conquistou um novo título, ao derrotar o Orlando Magic. Como se não bastasse, conquistou o segundo título consecutivo na temporada seguinte ao se vingar do Boston Celtics em uma melhor de sete jogos.
A aposentadoria
A dedicação de Kobe com o basquete sempre foi algo admirável, tanto que se vangloriava em dizer que ninguém treinaria/trabalharia mais do que ele. Ao mesmo tempo que isso lhe rendeu muitas glórias, tais sacrifícios vieram com um preço. Diversas lesões no corpo, Kobe, literamente, sacrificou seu corpo pelo basquete. No entanto, ainda conseguiu ter uma carreira bastante longeva, afinal, começou bem cedo na NBA.
As dores e lesões ficaram mais frequentes no final da carreira, na temporada 2013/14, o ala-armador dos Lakers fez apenas seis partidas. Porém, somente na edição 2015/16, Kobe decidiu que era o momento para fazer sua despedida e deixar as quadras, lógico, não poderia ser em melhor estilo.
Era o último jogo da temporada regular, os Lakers com uma das piores campanhas da liga enfrentavam o Utah Jazz, em pleno Staples Center. Amigos, ex-companheiros e fãs do mundo inteiro queriam testemunhar os últimos lances de Kobe Bryant como profissional. O que vimos foi um espetáculo, um último show antes das cortinas se fecharem.
Antes da partida, o ex-companheiro e amigo, Shaquille O’Neal, disse para Kobe que marcasse 50 pontos. Como de costume, a “Mamba Mentality” não recusa ou se satisfaz com um desafio. Em sua última partida na NBA, Kobe Bryant marcou 60 pontos e liderou uma virada incrível contra o Utah Jazz. Visivelmente cansado e debilitado nos minutos finais, ele fez o que só Kobe poderia fazer e terminou a sua carreira de forma brilhante.
Feitos de Kobe:
4º maior cestinha da história da NBA (33.643 pontos)
Maior cestinha da história dos Los Angeles Lakers
5 títulos da NBA (2000, 2001, 2002, 2009 e 2010)
MVP da NBA (2008)
2x MVP das Finais (2009 e 2010)
2 x Cestinha da temporada da NBA (2006 e 2007)
11x eleito para o time ideal da NBA
9x eleito para o time ideal de defesa da NBA
18x selecionado para o All-Star Game
Campeão do Torneio de Enterradas (1997)
Eleit o para o time ideal de calouros (1997)
4x MVP do All-Star Game
Camisas 8 e 24 aposentadas pelo Los Angeles Lakers
Camisa 24 aposentada pelo Dallas Mavericks (homenagem feita pelo dono Mark Cuban)
2x Campeão Olímpico com a seleção dos Estados Unidos (2008 e 2012)
Campeão Mundial com a seleção dos Estados Unidos (2007)
Oscar
Muitos amigos e pessoas que conheciam Kobe tinham um grande receio sobre o futuro dele após a aposentadoria. Acreditavam que, depois de tanta dedicação e foco, o ex-jogador poderia ficar perdido sem ter a mesma rotina, na qual dedicou a maior parte de sua vida.
Claro, Kobe Bryant provou que todos estavam errados novamente. Dedicou-se como um empreendedor e e ganhou até mesmo um Oscar. Sim, ele foi premiado no Academy Awards de 2018 com o Oscar de Melhor Curta-Metragem de Animação pela produção de Dear Baskteball (Querido Basquete). O curta é uma animação inspirada em um poema de autoria do próprio ex-jogador, que o escreveu logo após a aposentadoria das quadras.
Hall da Fama
Kobe Bryant falaceu antes de ter a honra de entrar no Hall da Fama. Isso, porque o ano de 2020 seria o primeiro ano que ele teria elegibilidade para ser indicado. Sem dúvidas, Kobe Bryant faz parte do Hall da Fama, porém como a cerimônia é apenas em Fevereiro de 2020, o ex-Lakers não teve a oportunidade de ser homenageado em vida.
Legado
Kobe na maior parte de sua vida foi um jogador de basquete, que muitos viram crescer, amadurecer e ser tornar a pura excelência no que mais gostava de fazer. Dentro de quadra Kobe era elegante, plástico e dominava praticamente todos os fundamentos tanto no ataque quanto na defesa, excelência, foram 20 anos só na NBA. No entanto, mesmo com um enorme talento, sua maior virtude, seu mantra era a dedicação. Tanto que ele tocou aqueles que conhecia, se tornou ídolo de pessoa que ele mesmo admirava e influenciou a vida de milhares de pessoas.
A comoção vista com a morte trágica de Kobe Bryant, que se foi junto com sua filha e outras setes pessoas que estavam dentro do helicóptero, muito se foi comparada a de ídolos do pop da música como Michael Jackson e Elvis Presley. Ídolos como esses despertam em nós momentos inesquecíveis, nos fazem vibrar, abraçar desconhecidos e nos ajudam de formas muito particulares.
Em tempos de filmes de super heróis, vivenciamos um em nossas vidas. Kobe Bryant era um super herói, nos motivava, nos fez querer ser melhor e sempre esperávamos os momentos decisivos, os últimos segundos, para que Kobe salvasse o dia no estouro do cronômetro, quando ninguém mais podia.
Ainda parece que estamos em um pesadelo, que queremos acordar ou esperamos que Kobe possa salvar o dia novamente.
Seu legado é algo imensurável, além dos recordes, títulos, prêmios, milhares de vidas tocadas por suas ações e mentalidade dentro e fora de quadra. Assim, para nós, admiradores, nos resta a agradecer.
Querido Kobe,
Obrigado!